Nem sempre ficamos com o amor da nossa vida.

9 de julho de 2024

Ao meu grande e verdadeiro amor, que mudou toda a estrutura de minha vida e soprou novos horizontes sobre mim. G.L

Eu acredito em grandes amores. Por mais que a vida não me presenteou com vivências intrínsecas.

Eu não tenho expectativas fúteis para o romance. Eu não estou à espera de sentir aquela sensação estranha de estar a flutuar novamente. Eu sou um daqueles indivíduos raros, talvez um pouco cansados, que realmente gosta deste ambiente atual de conexão entre as pessoas e é feliz dessa forma.

Mas eu acredito em grandes amores, porque já tive um. Inclusive bem recente, eu nem acreditava que se poderia viver algo do tipo. Eu tive esse amor que tudo consome. O amor do tipo “eu não posso acreditar que isto existe no mundo físico.” O tipo de amor que irrompe como um incêndio incontrolável e então se torna brasa que queima em silêncio, confortavelmente, durante anos. Porque eu sei que isso não vai passar por tão cedo.

O tipo de amor que escreve romances e sinfonias. O tipo de amor que ensina mais do que podemos pensar que poderiamos aprender, e dá de volta infinitamente mais do que recebe. É amor do tipo “amor da tua vida”. E eu acredito que funciona assim: Se você tiver sorte, conhecerá o amor da tua vida. Tu estará com ele, aprenderá com ele, dará tudo de ti a ele e permitirás que a sua influência te mude em medidas insondáveis. É uma experiência como nenhuma outra. Mas aqui está o que os contos de fadas não te vão dizer – às vezes encontramos os amores das nossas vidas, mas não conseguimos mantê-los. Nós não chegamos a casar-nos com eles, nem passamos anos ao lado deles, nem seguraremos as suas mãos nos seus leitos de morte depois de uma vida bem vivida juntos. Nós nem sempre conseguimos ficar com os amores da nossa vida, porque no mundo real, o amor não conquista tudo. Ele não resolve as diferenças irreparáveis, não triunfa sobre a doença, ele não preenche fendas religiosas e nem nos salva de nós mesmos quando estamos perdidos.

Nós nem sempre chegamos a ficar com os amores das nossas vidas, porque às vezes o amor não é tudo o que existe. Às vezes só queremos uma casa num pequeno país com três filhos e ele quer uma carreira movimentada na cidade. Às vezes você tem um mundo inteiro para explorar e ele tem medo de se aventurar fora do seu quintal. Às vezes temos sonhos maiores do que os do outro. Às vezes, a maior atitude de amor que podemos ter é simplesmente deixar o outro ir.

Outras vezes, não temos escolha. Mas aqui está outra coisa que não irão te contar sobre encontrar o amor da tua vida: não viver toda a tua vida ao lado dele não desqualifica o seu significado. Algumas pessoas podem te amar mais em um ano do que outras poderiam te amar em cinquenta anos. Algumas pessoas podem te ensinar mais em um único dia do que outras durante toda a sua vida. Algumas pessoas entram nas nossas vidas apenas por um determinado período de tempo, mas causam um impacto que mais ninguém pode igualar ou substituir. E quem somos nós para chamar essas pessoas de algo que não seja “amores das nossas vidas”?

Quem somos nós para minimizar a sua importância, para reescrever as suas memórias, para alterar as formas em que nos mudaram para melhor, simplesmente porque os nossos caminhos divergiram? Quem somos nós para decidir que precisamos desesperadamente substituí-los – encontrar um amor maior, melhor, mais forte, mais apaixonado que pode durar por toda a vida? Talvez nós devêssemos simplesmente ser gratos por termos encontrado essas pessoas. Por termos chegado a amá-las. Por termos aprendido com elas. Pelas nossas vidas se terem expandido e florescido como resultado de tê-las conhecido. 

Encontrar e deixar o amor da sua vida não tem que ser a tragédia da tua vida. Deixá-lo pode ser a tua maior bênção. Afinal, algumas pessoas nunca chegam sequer a encontrá-lo. Eu encontrei o meu, mas ele nao me reconheceu nessa vida. E tá tudo bem, a gente acaba se acostumando a viver sem o amor da nossa vida. Mas jamais conseguiremos esquecer a sensação surreal que está ao lado de alguém que se realmente Ama. 

Obrigado pelo tempo junto, você estará marcado para sempre em meu coração G.L, a propósito, hoje apareceu outra tartaruga aqui próximo a onde moro, e me lembrei de novo de quando apareciam aí em sua casa, até nesses detalhes suas memórias ainda me assombram. Amo você. Espero que esteja bem.

Sombras da memoria.

6 de julho de 2024

Nas sombras da memória, onde o tempo se desfaz em fios de saudade, encontro-me perdido. A dor da perda, como um punhal afiado, penetra fundo em meu peito, rasgando a esperança e deixando apenas um vazio gélido

As estações mudaram, mas o eco da sua risada ainda ressoa em meus ouvidos. 0 outono trouxe consigo folhas secas, que dançavam ao vento como lembranças desbotadas. O inverno, implacável, congelou os momentos que compartilhamos, transformando-os em cristais frágeis que se desfazem ao toque

A primavera, com suas flores coloridas, não traz alívio. Cada pétala é um lembrete do seu sorriso, e o perfume das rosas me sufoca. E agora, no verão escaldante, sinto o calor abrasador da sua ausência. O sol queima minha pele, mas não aquece meu coração solitário.

Talvez em outra vida, em algum universo paralelo, nossos destinos se cruzem novamente Talvez eu seja capaz de encontrar você em meio às estrelas, nos confins do tempo. Mas, por enquanto, sou apenas um náufrago à deriva, esperando pelas marés da eternidade.

E assim, na solidão das noites sem fim, escrevo cartas que nunca envio, guardo fotografias que me cortam como lâminas invisíveis e choro lágrimas que evaporam antes de tocar o chão Porque, afinal, sempre foi você. E mesmo que o mundo inteiro desabe, essa verdade permanece inabalável, como uma constelação no céu escuro da minha alma.

Que a próxima vida seja mais generosa, que os fios do destino se entrelacem de forma diferente, e que, quem sabe, possamos nos encontrar novamente. Até lá, eu espero, paciente e resignado, na penumbra da saudade. 

Eu nunca irei te esquecer G.L, obrigado por tanto.

21 de maio de 2023

Ultimamente meu cérebro tem me bombardeado com questionamentos e mudanças. Já não sou mais o mesmo que fui quando escrevia aqui, neste recinto onde por muitos anos desabafei palavras ao vento, ou melhor aos circuitos da internet.. A vida tem mudado, a personificação da vida adulta é algo que vislumbra e ao mesmo tempo assusta. De modo que, ainda há em mim um receio de me perder nesse turbilhão de mudanças que surgiram em meu caminho e trajeto até aqui.

Estou há três anos consecutivos exercendo minha profissão em uma CTI, em meio a percas e vitórias percebo que um pouco de minha humanização também se foi com os tantos pacientes que já perdemos até aqui, principalmente no auge da Pandemia de 2020; contudo, percebo que foram estes momentos de terror que me afinaram e me deixaram mais potente profissionalmente, destemido e mais rígido, talvez. Percebo que a visão que eu tinha de enfermagem não chegava nem perto do que realmente é ser um Enfermeiro. E que as cobranças e responsabilidades são intrínsecas de mais para serem irrelevantes ou deixadas de lado. Superando, entre trancos e barrancos me vejo uma pessoa melhor, um ser humano melhor, talvez. Sinto falta da inocência de Gislei adolescente, sinto falta de não ver tanta maldade disfarçada em olhares sorridentes, mas isso é o de menos se pesar na balança das percas e ganhos.

A vida amorosa continua um lixo, parada, monótona. Dizem que escolho de mais. E talvez seja verdade. Mas nunca fui uma pessoa de meios termos, e não seria agora que seria diferente. Talvez agora, isso afunilou mais, e consequentemente ficou mais difícil, sincronizar, realizar a troca química necessária para embarcar em um tipo de relação que não seja fria nem morna a ponto de que eu vomite minhas expectativas de um relacionamento de verdade sob ninguém. Mas, ainda acredito que um dia essa parte deslanche. E que, seja avassaladora e sutil como eu venho imaginando nesses anos que se passam. 

Sempre fui uma pessoa de amizades, e aqui nesta cidade não tem sido diferente. Me recordo de meus amigos da capital, e também os da minha cidade natal, minha base. Aqui não foi diferente, conheci pessoas fantásticas, em particular um casal de amigos que ajudaram que eu superasse esse furacão de mudanças, e o melhor, zelaram e vem zelando por mim até aqui. São pessoas incríveis e únicas, adotei como família, e a reciprocidade tenho sentimento que é verdadeira.

Para atualizar isso aqui, talvez eu volte no futuro para compartilhar novos episódios e devaneios que venho sentindo nesse coração turista e nessa cabeça e vive no mundo da Lua, ou talvez não. A Ansiedade tem me atacado de forma que não sei explicar. Sinto que estou em meu caminho, mas as vezes me vejo perdido. Não sei se meus pensamentos estão bem organizados, mas.. Espero que as turbulências emocionais estacionem em breve. Não quero mais somatizar. Sinto que preciso de uma mudança, mas ainda não sei qual. Tive oportunidades fantásticas na ala profissional, a qual muitas pessoas almejam. Mas, como disse, eu nunca fui uma pessoa típica, e não seria diferente na vida profissional. Sem mais, sigo tentando um dia após o outro. A intensidade continua a mesma, ao menos isso ainda me faz recordar que eu sou Gislei Brasil Deveraux.

o normal de cada um deve ser original.

5 de janeiro de 2021

Todo mundo quer se encaixar num padrão. Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar. O sujeito 'normal' é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido. Bebe socialmente, está de bem com a vida, não pode parecer de forma alguma que está passando por algum problema. Quem não se 'normaliza', quem não se encaixa nesses padrões, acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento.

A pergunta a ser feita é: quem espera o quê de nós?

Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas? Eles não existem! Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha 'presença' através de modelos de comportamento amplamente divulgados. Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, seja lá quem for todos. Melhor se preocupar em ser você mesmo.

A normose não é brincadeira.

Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer o que não se precisa. Você precisa de quantos pares de sapato? Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar? Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias.

Um pouco de auto-estima basta. Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim, aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo. Criaram o seu 'normal' e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante.

O normal de cada um deve ser original.

Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais. Eu simpatizo cada vez mais com aqueles que lutam para remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Para mim são os verdadeiros normais, porque não conseguem colocar máscaras ou simular situações.

Se parecem sofrer, é porque estão sofrendo. E se estão sorrindo, é porque a alma lhes é iluminada. Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes.

todo tempo é tempo de qualidade.

16 de agosto de 2020

Jardim de Luxemburgo | Michella Emilio

Nunca acreditei no tal tempo de qualidade, onde pequenas horas em determinados momentos valessem mais que várias horas ao lado de pessoas importantes, ao meu ver todo o tempo junto a quem é importante para nós é valiosíssimo, seja ele como for.

Esses dias li esse artigo no New York Times, do colunista Frank Bruni : “The Myth of Quality Time” (O mito do tempo de qualidade), artigo que me instigou a falar sobre o tal tempo de qualidade aqui.

O autor conta que a sua família se encontra todos os anos, durante uma semana inteira no verão. Até então, ele sempre tentava se esquivar de toda essa convivência chegando um dia atrasado e indo embora uns 2 dias antes. Nos últimos anos ele se propôs a ficar a semana inteira. E foi aí que notou a diferença. 

Ficando mais tempo, ele percebeu que aumentou muito a probabilidade de que ele estivesse presente naquele momento exato, mas puramente randômico, em que um de seus sobrinhos pede um conselho, um irmão relembra aquela história de infância que fará todos rirem incontrolavelmente, ou quando a sua sobrinha precisa de alguém além de seus pais para lhe dizer o quanto ela é esperta e, de repente, a corrente aconchegante e feliz do vínculo afetivo fica ainda mais apertada.

Os seres humanos são assim, não há como planejar com alguém, escute aqui, agora vamos nos sentar e falar das nossas maiores aflições e planos de vida, visto que só temos algumas horas. Não, não é assim. As nossas emoções e humores não operam com pré-programação.
Os casais também passam a morar juntos não apenas por uma questão financeira, mas por entenderem consciente ou instintivamente que a proximidade continuada é o melhor caminho para a alma de uma outra pessoa.

Simplesmente não há substituto para a presença física.

Então você que franziu a testa sabendo que no domingo tem encontro da família, quem sabe muda de ideia e aparece para conversar um pouco e dar umas boas risadas. Vai que alguém está precisando contar uma história há tempos, ou aquele conselho que você tanto queria surge bem ali, enquanto lava a louça ou repete a sobremesa.
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