Quem sabe um dia regresse...

14 de agosto de 2014

Mergulho as mãos no mar, como se quisesse aprisioná-lo entre os meus dedos, como se desejasse fazer dele teu corpo, moldá-lo, senti-lo como se fosses tu. Escrevo sobre a areia molhada, os versos que não te disse, sentidos reprimidos pela frieza do cotidiano. As ondas quebram as frases, apagam os desejos e arrefecem o corpo, arrastando para o fundo do oceano as esperanças escritas.

Me abandono nesta praia deserta, esperando que a maré leve o corpo, pois a alma à muito partiu, queria me encontrar ainda com a réstia de vida que faz bater o coração e alimentar a mente, mas, o espírito partiu, para uma viagem através dos desertos da eternidade, vales de sombras, florestas geladas, numa travessia da minha própria solidão.

Quando a alma se abre, como vela de um barco à deriva, recolhe em si todas as brisas, todos os ventos, enchendo-se, mas a cada tempestade o pano cede às forças da natureza rasgando-se em pedaços, perde-se o rumo e o navio acaba se perdendo na solidão do vazio. A Noite, traz com elas a estrelas e o silêncio que me permitem adormecer embalado pela suavidade das ondas. Quem sabe um dia, se descubra a alma deste corpo, que jaz sobre a areia da praia. Quem sabe um dia alguém seja capaz de me devolver a vida perdida. Quem sabe um dia regresse..

Um comentário:

  1. Muito obrigado pelas palavras, como sempre muito gentil Samy! ♥
    Quanto ao layout do blog, acredito que você se referiu ao estado 1.7 do template, que no momento acabou de ser atualizado para o 1.8, mas mesmo assim espero que venha a agradar! :)

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