Jardim de Luxemburgo | Michella Emilio |
Nunca acreditei no tal tempo de qualidade, onde pequenas horas em determinados momentos valessem mais que várias horas ao lado de pessoas importantes, ao meu ver todo o tempo junto a quem é importante para nós é valiosíssimo, seja ele como for.
Esses dias li esse artigo no New York Times, do colunista Frank Bruni : “The Myth of Quality Time” (O mito do tempo de qualidade), artigo que me instigou a falar sobre o tal tempo de qualidade aqui.
O autor conta que a sua família se encontra todos os anos, durante uma semana inteira no verão. Até então, ele sempre tentava se esquivar de toda essa convivência chegando um dia atrasado e indo embora uns 2 dias antes. Nos últimos anos ele se propôs a ficar a semana inteira. E foi aí que notou a diferença.
Ficando mais tempo, ele percebeu que aumentou muito a probabilidade de que ele estivesse presente naquele momento exato, mas puramente randômico, em que um de seus sobrinhos pede um conselho, um irmão relembra aquela história de infância que fará todos rirem incontrolavelmente, ou quando a sua sobrinha precisa de alguém além de seus pais para lhe dizer o quanto ela é esperta e, de repente, a corrente aconchegante e feliz do vínculo afetivo fica ainda mais apertada.
Os seres humanos são assim, não há como planejar com alguém, escute aqui, agora vamos nos sentar e falar das nossas maiores aflições e planos de vida, visto que só temos algumas horas. Não, não é assim. As nossas emoções e humores não operam com pré-programação.
Os casais também passam a morar juntos não apenas por uma questão financeira, mas por entenderem consciente ou instintivamente que a proximidade continuada é o melhor caminho para a alma de uma outra pessoa.
Simplesmente não há substituto para a presença física.
Então você que franziu a testa sabendo que no domingo tem encontro da família, quem sabe muda de ideia e aparece para conversar um pouco e dar umas boas risadas. Vai que alguém está precisando contar uma história há tempos, ou aquele conselho que você tanto queria surge bem ali, enquanto lava a louça ou repete a sobremesa.
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